Quantcast
Channel: Canal Viva - Coluna do Nilson Xavier » Lima Duarte
Viewing all articles
Browse latest Browse all 4

Os 35 Anos da novela “Marron-Glacé”

$
0
0
Otávio (Paulo Figueiredo) - Vanessa (Sura Berditchewsky) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Otávio (Paulo Figueiredo) e Vanessa (Sura Berditchewsky) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Aproveitando a Era Disco que se popularizara Brasil afora através de “Dancin´ Days”, a Globo lançou logo após essa novela, em 1979, uma trama no horário das sete que bem que usou elementos festivos em sua concepção. “Marron-Glacé” – que completa 35 anos de estreia no dia 6 de agosto – convidava diariamente o público a acompanhar sua história embalada por uma abertura colorida e dançante, com referências que podiam aludir às discotecas, como luminosos em formato de borboleta. Entretanto, as borboletas em si eram uma alusão às gravatas de garçom, do tipo borboleta, já que a trama abordava o dia a dia de um grupo de garçons. A música tema de abertura já era um convite para uma grande recepção festiva:

“Champagne no gelo, salgados, doces
Prepare os talheres, os discos e as poses.
Escolhe o teu melhor vestido e vai!
Duas gostas de veneno, não mais!
A boca vermelha sensual
Um brilho nos olhos, você está demais!
Toda essa gente louca
Alegres em sedas a se desnudar
A festa nunca vai acabar!”

Juliano (Ricardo Blat) e Luís César (João Carlos Barroso) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Juliano (Ricardo Blat) e Luís César (João Carlos Barroso) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Na trama da novela, “Marron-Glacé” era o nome de um sofisticado serviço de bufê que oferecia desde comes e bebes até profissionais gabaritados para servir bem. A proprietária da empresa era Clotilde, mais conhecida como Madame Clô, vivida pela saudosa Yara Côrtes. Apesar do título pomposo, a madame não tinha nada de madame. Clotilde, era uma mulher rica e elegante, mas muito simples, que não escondia sua origem humilde, de bem com a vida, sábia, justa e querida por todos. Mais uma mostra da versatilidade de Yara Côrtes, que poucos anos antes vivera a popularíssima e nada sofisticada feirante Dona Xepa.

Marron-Glacé” era escrita pelo mestre Cassiano Gabus Mendes, que, na época, reinava absoluto com suas charmosas comédias românticas das sete horas. Ele teve a ideia de escrever sobre o universo dos garçons quando fora sócio proprietário de um restaurante. Os dramas pessoais de cada funcionário do bufê de Madame Clô norteavam a novela.

Oscar (Lima Duarte) - Waldomiro (Laerte Morrone) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Oscar (Lima Duarte) e Waldomiro (Laerte Morrone) (Foto: CEDOC/TV Globo)

A história central era extremamente folhetinesca, uma clássica trama de vingança. O jovem Otávio (Paulo Figueiredo) se empregou no bufê como garçom com o intuito de seduzir as filhas de Clotilde e se apoderar da empresa, a fim de vingar a morte do pai, que morrera na miséria após ter sido ludibriado pelo falecido marido de Clô. Claro que a madame, do alto de sua benevolência, não fazia ideia de que seu marido enriquecera enganando o pai de Otávio.

Essa trama lembra muito a história central de “Fera Radical” (1988), de Walther Negrão, em que Claudia (Malu Mader) foi trabalhar para o rico Altino (Paulo Goulart) – que ela julgava ter sido responsável pela morte de sua família – e seduziu os dois filhos dele, Fernando (José Mayer) e Heitor (Thales Pan Chacon), que disputaram a moça. E Claudia acabou apaixonada de verdade por Fernando.

As borboletas da abertura da novela (Foto: Reprodução/TV Globo)

As borboletas da abertura da novela (Foto: Reprodução/TV Globo)

Em “Marron-Glacé”, Otávio seduziu as duas filhas de Clotilde, Vanessa (Sura Berditchewsky) e Vânia (Louise Cardoso), e acabou apaixonando-se pela primeira, mesmo ela estando de casamento marcado com Fabio (Jorge Botelho). Uma das cenas mais marcantes da novela foi a do casamento de Vanessa, quando o padre lhe perguntou se aceitava Fábio como seu legítimo esposo e ela abandonou o rapaz no altar, fugindo da igreja. Apaixonada por Otávio, Vanessa não conseguiu arcar seu compromisso com o noivo.

Em “Marron-Glacé”, podemos notar uma marca de Cassiano repetida em outros trabalhos: a vida pessoal de um grupo de amigos, no caso, os garçons da novela. Em “Elas por Elas” (1982) era um grupo de amigas dos tempos de colégio. Em “Champagne” (1983-1984), um grupo de amigos suspeitos de um crime do passado. Em “Que Rei Sou Eu?” (1989), o grupo era formado pelos conselheiros do Reino de Avilan.

As velhinhas Dona Beá (Ema D´Avila) e Dona Angelina (Dirce Migliaccio) (Foto: CEDOC/TV Globo)

As velhinhas Dona Beá (Ema D´Avila) e Dona Angelina (Dirce Migliaccio) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Além de Otávio, os demais garçons eram Oscar (Lima Duarte), homem solitário que vivia com duas velhinhas esclerosadas, Dona Beá e Dona Angelina (Ema D´Avila e Dirce Migliaccio); Luís César (João Carlos Barroso), filho de Oscar, que cortara relações com o pai pois o odiava, um jovem alpinista que mentia para Andréia (Denise Dumont) que era rico, interessado na grana dela; Nestor (Armando Bógus), um tipo malandro, bonachão, mulherengo e alegre; Waldomiro (Laerte Morrone), chefe dos garçons, afetado e implicante, mau humorado e alvo constante das piadas dos demais garçons; e Juliano (Ricardo Blat), casado com a provocante e sensual Shirley (Myrian Rios), com quem vivia brigando, por causa de seu ciúme doentio.

Voltando ao gancho das discotecas, a trilha internacional de “Marron-Glacé” misturou hits dançantes da época – como “Another Cha-Cha” (Santa Esmeralda), “I´m a Dancer” (Denis Parker) e “Let´s Fly Away” (Voyage) – com baladas melosas – como “I Can Still Remember” (Samantha Sang), “It´s a Sad Affair” (Peter Frampton), “Reunited” (Peaches & Herb), “Sadness” (King Pacha) e “Love Don´t Live Here Anymore” (Rose Royce). Na trilha nacional, os maiores sucessos – além do tema da abertura, gravado por Ronaldo Resedá – foram a dançante “Grilo na Cuca” (Dudu França) e a melancólica “Casinha Branca” (Gilson), um grande sucesso daquele ano de 1979.

Érika (Mila Moreira) e Nestor (Armando Bógus) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Érika (Mila Moreira) e Nestor (Armando Bógus) (Foto: CEDOC/TV Globo)

Eu tinha 10 anos de idade quando assisti “Marron-Glacé”. Minha família adorava essa novela. Uma trama simples, mas envolvente, que juntava drama, comédia e romance na medida certa. Outra novela “redondinha” de Cassiano. Foi a partir dela que comecei a tomar nota, em um caderno, dos elencos das novelas, em uma espécie de catalogação, hábito que nunca abandonei desde então, e que me renderia, já na Era da Internet, um farto material para o site Teledramaturgia.

Saiba mais sobre “Marron-Glacéno Teledramaturgia.

Uma curiosidade sobre a minha catalogação de “Marron-Glacé”. Era a primeira novela de Mila Moreira, que havia sido uma famosa modelo de passarela. Eu, uma criança de dez anos, não a conhecia. Na abertura, ela era creditada dessa forma “E MILA”. Como as letrinhas eram muito juntas, eu achava que a atriz chamava-se simplesmente EMILA. Na novela seguinte que ela participou, “Plumas e Paetês”, também de Cassiano, Mila Moreira já era creditada com seu nome completo. Quando vi, pensei:
A Emila agora é Mila Moreira?!”. :D


Viewing all articles
Browse latest Browse all 4

Latest Images





Latest Images